Doente com mieloma múltiplo entrou em remissão depois de vacinado com dose elevada de antivírus
15 de maio de 2014 - 16h33
Um grupo de investigadores norte-americanos da Mayo Clinic
conseguiu um resultado promissor num ensaio inédito: fizeram um tipo de
cancro do sangue que ataca a medúla óssea entrar em remissão com uma
única dose, massiva, de vacina contra o sarampo.
Stacy Erholtz, de 50 anos, estava a ficar sem opções de
tratamento, depois de dois transplantes de médula óssea e vários
tratamentos de quimioterapia, quando decidiu participar no ensaio
clínico.
"É um marco histórico. Já sabemos há muito tempo que podemos dar
um vírus e um antivírus por via intravenosa e destruir um cancro
metastático em ratinhos de laboratório. Mas até agora ninguém tinha
mostrado que isso seria possível em humanos", congratula-se Stephen
Russell, responsável pelo projeto, do Hospital Neath Port Talbot, perto
de Swansea, no sul do País de Gales. A notícia foi avançada na
quarta-feira pelo norte-americano StarTribune.
Os investigadores injetaram na mulher de 50 anos uma dose com 100
bilhões de unidades do vírus e antívirus do sarampo - o suficiente para
inocular 10 milhões de pessoas.
Com a vacina, o vírus liga-se ao tumor e usa-o como hospedeiro
para replicar o seu próprio material genético. As células cancerígenas
acabam por ceder sob essa pressão e libertam o vírus.
O tratamento foi aplicado em dois pacientes, mas em apenas um teve efeitos positivos.
Três horas depois da injeção com o vírus e antivírus, as
metástases tumorais de Stacy Erholtz começaram a desaparecer e em duas
semanas o tumor entrou em remissão completa.
Num comunicado emitido pela Mayo Clinic, os investigadores
informaram ter destruído o cancro "com um vírus que infeta e mata as
células cancerosas, mas poupa os tecidos normais" e que por isso "pode
ser eficaz contra o cancro do mieloma múltiplo" que é "mortal".
Neste momento, uma vez que a vacina já foi administrada, o
sistema imunitário irá reconhecer as células cancerígenas e atacá-las
novamente caso surjam de novo.
Segundo Stephen Russell, a vacina pode tornar-se uma nova
ferramenta no tratamento deste tipo de tumores malignos, mas para tal
são necessários mais estudos. Em setembro, arranca o próximo.
Por SAPO Saúde
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